A influência dos contos de fadas na formação da personalidade infantil

Segundo Bettelheim, os contos de fadas podem exercer uma influência benéfica na formação da personalidade porque, através do contato com o desenrolar da trama da narrativa na história, as crianças aprendem que é possível vencer obstáculos e sair vitorioso - o herói sempre vence no final. Isso ocorre quando, durante o desenrolar da trama, a criança se identificar com as personagens e "viver" o drama apresentado na história de uma forma geralmente simples, porém, impactante.
Também os conflitos internos, inerentes ao ser humano no seu convívio biossocial, como a inevitabilidade da morte, o envelhecimento, a luta entre o bem e o mal, contra a inveja, etc., são tratados nos contos de fadas de modo a oferecer desfechos otimistas.
Desta forma, para Bettelheim (1980), o discurso narrativo nos contos de fada pode se constituir como uma referência à criança para elaborar os terríveis elementos ansiógenos que habitam seu imaginário, como seus medos, desejos, amores e ódios, etc., que, na sua perspectiva e concepção de vida, muitas vezes, apresentam-se amedrontadores e insolúveis. Nesses contextos imaginários, a aprendizagem constitui-se de forma intuitiva, devido ao contato com os elementos simbólicos dos contos, podendo até se tornar mais abrangente do que seria em situações reais. Acredita-se que o efeito da compreensão intelectual do discurso dos contos de fadas, na ação integradora do imaginário com a realidade, exerça influências na formação da personalidade das pessoas, desde a etapa infantil, fator esse responsável pelo fato dessas histórias terem resistido à passagem do tempo e terem se universalizado. A partir dessa concepção, optou-se por estudar como os professores propõem atividades com contos de fadas para que as crianças possam estabelecer relações entre o discurso desses e o seu imaginário.