sexta-feira, maio 11, 2007

Paulo Freire e as novas tecnologias

Na prática pedagógica de Paulo Freire as tecnologias estiveram sempre presentes como instrumentos do processo de conhecimento. “Nunca fui ingênuo apreciador da tecnologia: não a divinizo, de um lado, nem a diabilizo, de outro. Por isso, sempre estive em paz para lidar com ela.” (Freire, 1996, p. 97)
Uma das contribuições definitivas de Paulo Freire reside em colocar a prática educativa no contexto da politicidade da vida humana. Não tendo nascido prontos, homens e mulheres precisam fazer-se na história. Seu destino não está traçado desde sempre, mas se realiza enquanto projeto aberto ao “ser mais” ou ao “inédito viável”. A não neutralidade da educação, como de outras práticas sociais, não está associada, pois, primeiramente com alguma identificação partidária, mas como a atitude diante da vida por criar. As vinculações com partidos ou movimentos são decorrência deste posicionamento ético diante do mundo e com o mundo.
Por isso, a própria idéia de alfabetização se amplia na medida em que há novos códigos que precisam ser apreendidos. É o caso das tecnologias em informática, que possibilitam novas maneiras de interagir com o conhecimento, com as pessoas e com o mundo. Permanece, no entanto, a assertiva básica de que também estas novas “alfabetizações” são políticas, enquanto instrumentalizadoras da ação humana com o mundo e sobre o mundo.
É conhecido o pressuposto freireano de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. A leitura desta é, para ele, uma continuação e um aprofundamento daquela. Com novos códigos, abrem-se novas possibilidades de decodificação da realidade.